domingo, 15 de junho de 2014

A França podia mais, mas teve Benzema; o futebol teve a tecnologia

De um lado, um campeão mundial, uma das seleções mais fortes das últimas duas décadas. Do outro, um país que vai à Copa do Mundo apenas pela terceira vez em sua história (1982 e 2010), nunca tendo vencido uma partida sequer (3 empates e 3 derrotas) em Mundiais. Desta vez, a zebra de Uruguai x Costa Rica não deu as caras. Deu o óbvio: França 3 a 0.

Les Bleus, no entanto, apesar do fracasso da Copa de 2010, podia mais. O meio-de-campo é forte e de muita qualidade no passe com Cabaye, Matuidi e Pogba, somado ao poderio ofensivo do ataque formado por Valbuena (pela direita), Griezmann (à esquerda, durante a maior parte do jogo) e Benzema (centralizado), mas poderia ter demonstrado mais criatividade e oferecido mais perigo, principalmente devido ao fraco adversário — que só pensa um pouco mais além de bater quando o solitário Costly tem a bola. Um dos principais erros da França na partida, a meu ver, foi não apostar em jogadas de habilidade dentro da área adversária. Honduras joga com praticamente todo o time atrás, mas não acompanha bem os atacantes rivais.

Sem muita criação, a válida opção francesa foi buscar passes nas costas da defesa da seleção centro-americana: primeiro, com Cabaye enfiando uma bela bola pelo alto, encontrando o peito de Pogba na área, que, ao dominar, foi derrubado por Palacios, originando o pênalti em que Benzema abriu o placar; depois, mais uma vez em profundidade, Benzema recebe* na esquerda, finaliza cruzado e nasce, então, um momento histórico para o futebol. A bola acerta a trave, vai em direção ao goleiro Valladares e este a coloca para dentro, num lance que, a olho nu, ainda que com replay, muitas dúvidas perdurariam. A tecnologia da linha do gol, contudo, mostra que a bola entrou. Imagens disseminadas em seguida na internet comprovaram que a marcação foi correta. Um esporte sério e de alto nível, hodiernamente, não pode abrir mão da tecnologia. Que este marco histórico se dissemine!

Mais tarde, na metade do segundo tempo, após chute de fora do bom apoiador Debuchy — chega à linha de fundo o tempo todo! —, a bola sobra para o artilheiro Karim Benzema, que, novamente, não perdoa.

A França começa bem, mas com mais entrosamento e talvez treinamento, tem potencial para se tornar uma incômoda pedra nas chuteiras de qualquer um que a enfrentar. Honduras, por sua vez, deve se orgulhar por ter vindo à sua terceira Copa.

* infelizmente, não consegui identificar o jogador que deu o belo passe para a finalização de Benzema no segundo gol. Quem souber, por favor, comente!


Vinícius Franco
15 de junho de 2014

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